Comunidade e Cultura Surda do Brasil
As comunidades surdas estão espalhadas pelo país, e como o Brasil é muito grande e diversificado, as pessoas possuem diferenças regionais em relação a hábitos alimentares, vestuários e situação socioeconômica, entre outras. Estes fatores geraram também algumas variações lingüísticas regionais.
As escolas de surdos, de surdos, mesmo sem uma proposta bilíngüe (língua portuguesa e língua de sinais), propiciam o encontro do surdo com outro surdo, favorecendo que as crianças, jovens e adultos possam adquirir e usar a LIBRAS. Em muitas escolas de surdos há vários professores que já sabem ou estão aprendendo com “professores surdos” a língua de sinais, além de oferecer cursos também para os pais destas crianças.
Cultura surda é o jeito de o sujeito surdo entender o mundo e de modificá-lo a fim de se torná-lo acessível e habitável ajustando-os com as suas percepções visuais, que contribuem para a definição das identidades surdas e das “almas” das comunidades surdas. Isto significa que abrange a língua, as idéias, as crenças, os costumes e os hábitos de povo surdo. Descreve a pesquisadora surda:
(PERLIN, 2004, p. 77-78) Fonte: STROBEL, Karin. As imagens do outro sobre a cultura surda. Florianópolis. Editora UFSC. 2008. (p.24) |
Continuando com os mesmos autores, Padden e Humphires (2000, p. n5) estabeleceram uma diferença entre cultura e comunidade:
Fonte: STROBEL, Karin. As imagens do outro sobre a cultura surda. Florianópolis. Editora UFSC. 2008. (p.30-31) |
Então entendermos que a comunidade surda de fato não é só de sujeitos surdos, há também sujeitos ouvintes – membros de família, intérpretes, professores, amigos e outros – que participam em compartilham os mesmos interesses em comuns em uma determinada localização. Fonte: STROBEL, Karin. As imagens do outro sobre a cultura surda. Florianópolis. Editora UFSC. 2008. (p.31) |
Quantos Surdos no Brasil?
"A população surda global está estimada em torno de quinze milhões de pessoas (Wrigley, 1996, p. 13), que compartilham o fato de serem linguística e culturalmente diferentes em diversas partes do mundo. No Brasil, estima-se que, em relação à surdez, haja um total aproximado de mais de cinco milhões, setecentos e cinqüenta mil casos (conforme Censo Demográfico de 2000), sendo que a maioria das pessoas surdas utiliza a língua brasileira de sinais (LIBRAS).” (Karnopp, 2008, p. 16, Manual da disciplina de Libras EDU 3071 - digitalizado)
Deficiente auditivo, surdo ou surdo-mudo?
O surdo-mudo é a mais antiga e inadequada denominação atribuída ao surdo, e infelizmente ainda utilizada em certas áreas e divulgada nos meios de comunicação. Para eles, o fato de uma pessoa ser surda não significa que ela seja muda. A mudez
significa que a pessoa não emite sons vocais
. Para a comunidade surda, o deficiente auditivo não participa de Associações e não sabe LIBRAs. O surdo é aquele que tem a LIBRAS como sua língua.
significa que a pessoa não emite sons vocais
. Para a comunidade surda, o deficiente auditivo não participa de Associações e não sabe LIBRAs. O surdo é aquele que tem a LIBRAS como sua língua.
Compreendendo o mundo surdo
Por anos, muitos têm avaliado de forma depreciativa o conhecimento pessoal dos surdos. Alguns acham que os surdos não sabem praticamente nada, porque não ouvem nada. Há pais que super protegem seus filhos surdos ou temem integrá-los no mundo dos ouvintes ou mesmo no mundo dos surdos. Outros encaram a língua de sinais como primitiva, ou inferior, à língua falada. Não é de admirar que, com tal desconhecimento, alguns surdos se sintam oprimidos e incompreendidos.
Em contraste, muitos surdos consideram-se “capacitados”. Comunicam-se fluentemente entre si, desenvolvem auto-estima e têm bom desempenho acadêmico, social e espiritual. Infelizmente, os maus-tratos que muitos surdos sofrem levam alguns deles a suspeitar dos ouvintes. Contudo, quando os ouvintes interessam-se sinceramente em entender a cultura surda e a língua de sinais, e encaram os surdos como pessoas “capacitadas”, todos se beneficiam.
Em contraste, muitos surdos consideram-se “capacitados”. Comunicam-se fluentemente entre si, desenvolvem auto-estima e têm bom desempenho acadêmico, social e espiritual. Infelizmente, os maus-tratos que muitos surdos sofrem levam alguns deles a suspeitar dos ouvintes. Contudo, quando os ouvintes interessam-se sinceramente em entender a cultura surda e a língua de sinais, e encaram os surdos como pessoas “capacitadas”, todos se beneficiam.
Comunicação visual
Para estabelecer uma boa comunicação com uma pessoa surda é importante o claro e apropriado contato visual entre as pessoas. É uma necessidade, quando os surdos se comunicam. De fato, quando duas pessoas conversam em língua de sinais é considerado rude desviar o olhar e interromper o contato visual.
E como captar a atenção de um surdo? Em vez de gritar ou falar o nome da pessoa é melhor chamar sua atenção através de um leve toque no ombro ou no braço dela, acenar se a pessoa estiver perto ou se estiver distante. Dependendo da situação, pode-se dar umas batidinhas no chão (ele poderá sentir a vibração através do corpo) ou fazer piscar a luz. Então, converse com o surdo olhando em seus olhos. Para se fazer entender, não se envergonhe de apontar, desenhar, escrever ou dramatizar. Utilize muito suas expressões faciais e corporais. Tais recursos são importantes quando não há ainda domínio da língua de sinais. Esses e outros métodos apropriados de captar a atenção dão reconhecimento à experiência visual dos Surdos e fazem parte da cultura surda. Aprender uma língua de sinais não é simplesmente aprender sinais de um dicionário. Muitos aprendem diretamente com os que usam a língua de sinais no seu dia-a-dia — os surdos. Em todo o mundo, os surdos expandem seus horizontes usando uma rica língua de sinais.
E como captar a atenção de um surdo? Em vez de gritar ou falar o nome da pessoa é melhor chamar sua atenção através de um leve toque no ombro ou no braço dela, acenar se a pessoa estiver perto ou se estiver distante. Dependendo da situação, pode-se dar umas batidinhas no chão (ele poderá sentir a vibração através do corpo) ou fazer piscar a luz. Então, converse com o surdo olhando em seus olhos. Para se fazer entender, não se envergonhe de apontar, desenhar, escrever ou dramatizar. Utilize muito suas expressões faciais e corporais. Tais recursos são importantes quando não há ainda domínio da língua de sinais. Esses e outros métodos apropriados de captar a atenção dão reconhecimento à experiência visual dos Surdos e fazem parte da cultura surda. Aprender uma língua de sinais não é simplesmente aprender sinais de um dicionário. Muitos aprendem diretamente com os que usam a língua de sinais no seu dia-a-dia — os surdos. Em todo o mundo, os surdos expandem seus horizontes usando uma rica língua de sinais.
A Fita Azul |
Tornou-se parte da cultura surda usar uma fita azul Sentimento azul? Celebrem! Com todas as fitas, alfinetes, pulseiras e Camisetas. - Uma conhecida fita azul representa um motivo: ela engloba uma história, uma cultura, uma língua, um povo. - A fita azul representa a opressão enfrentada pelas pessoas surdas ao longo da história. - Hoje em dia ela representa as suas silenciosas vozes em um mar de línguas faladas. - A fita azul foi introduzida em Brisbane, na Austrália, em julho de 1999, no Congresso Mundial da Federação Mundial de Surdos. Durante o evento foi feita a sensibilização da luta dos Surdos e suas famílias ouvintes, através dos tempos. - A cor azul foi escolhida para representar "O Orgulho Surdo", para homenagear todos os que morreram depois de serem classificados como "surdo" durante o reinado da Alemanha nazista. -Ao recordarmos a opressão dos Surdos no passado e hoje, está se tornando claro para um número maior de pessoas que os Surdos podem fazer qualquer coisa, exceto ouvir. - Aqueles que usam a fita azul têm orgulho em mostrar um pouco de sua própria cultura: A Cultura surda. Surdez não é uma deficiência, mas uma cultura. FONTE: http://www.fcee.sc.gov.br/index.php?option=com_docman&task=doc_view&gid=274&Itemid=176 |
Outra orgulhosa conquista feita pelo povo surdo é a comemoração de seu dia, o “Dia do Surdo”. Esta data é comemorada em muitos países, na maioria no mês de setembro com variação de dias. Aqui no Brasil comemoramos o Dia do Surdo em 26 de setembro, porque nesta data foi um marco histórico importante – foi fundada a primeira escola de surdos no Brasil1 . Nesta data o povo surdo comemora com muito orgulho tendo sua cidadania reconhecida sem precisar se esconder embaixo de braços de sujeitos ouvintistas, assim como reforça a Lopes (2000, p.11):
Fonte: STROBEL, Karin. As imagens do outro sobre a cultura surda. Florianópolis. Editora UFSC. 2008. (p.75-76) |
Nenhum comentário:
Postar um comentário