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16 setembro 2012

OSCAR PISTORIUS: DEFICIENTE OU SUPERDOTADO?


Ciborgue (organismo cibernético) é um organismo onde foram acopladas partes sintéticas, com a finalidade de melhorar sua capacidade natural com o auxílio de tecnologia avançada.
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Na década de 70 do século passado, eu acompanhei uma série da TV americana intitulada O HOMEM DE SEIS MILHÕES DE DÓLARES, onde o astronauta e piloto de provas Steve Austin (Lee Majors), após sofrer um grave acidente aeronáutico, serve de cobaia para um experimento de seis milhões de dólares (na época uma quantia fabulosa), utilizando a melhor tecnologia state-of-the-art existente, e tem as partes de seu corpo afetadas pelo acidente substituidas por peças eletrômecânicas que o transformam num super-homem.

 Lee Majors, como Steve Austin, o astronauta que virou super-homem no seriado, apresentado no Brasil pela TV Bandeirantes nos anos 70
.
Para não falar de Arthur C. Clarke (sempre ele) que já havia antecipado esta situação, no seu conto ENCONTRO COM MEDUSA, de 1971.
Dia 19 do corrente mês, em Lignano Sabbiadoro, na Itália, o atleta sul-africano Oscar Pistorius, de 24 anos, atingiu a marca de 45,07 segundos nos 400 metros rasos, qualificando-se para disputar as olimpíadas de 2012, em Londres. Esta marca também o qualificou para participar do Mundial de Atletismo de Daegu, Coréia do Sul, no mês que vem.
Esta notícia pareceria banal, se não fosse pelo fato de Oscar Pistorius ter nascido com um defeito congênito, sem as fibulas (fibula é um osso que liga o calcanhar ao joelho) em ambas as pernas, o que fez com que elas fossem amputadas abaixo do joelho quando ele tinha 11 anos!

 A fibula, também chamada perônio: osso que faltou a Oscar Pistorius.

Seu pai, Heinke Pistorius, diretor de uma mina de cal em Pretória, incentivou Oscar a aprender a andar usando próteses, que eram substituídas a cada nove meses. Oscar se adaptou muito bem, passou a jogar tênis e chegou a ter destaque como jogador de rúgbi, até que uma lesão no joelho o levou a abandonar esse esporte e a dedicar-se ao atletismo.
Com próteses fabricadas na Islândia, feitas com fibra de carbono, seu desempenho melhorou significativamente.  Sintomaticamente, essas próteses são chamadas Cheetah (guepardo, um felino africano muito veloz).

 "Blade Runner": segundo testes feitos pela IAAF, suas próteses lhe dão vantagem de 25% sobre os corredores comuns!

Em 2004, nos Jogos Paraolímpicos de Atenas, obteve ouro nos 200 m e bronze nos 100 m.
Em 2005, na Copa do Mundo Paraolímpica, foi medalha de ouro nos 100 e 200 m.
Por isto, recebeu o apelido de “Blade Runner”, pois corria sobre lâminas de carbono.
Foi então levantada a hipótese de que Oscar teria vantagem sobre os outros atletas amputados de apenas uma perna, já que suas próteses teriam na verdade desempenho superior ao de uma perna normal.
Em 2007, ele começou a competir contra os atletas não portadores de deficiência, o que também se tornou motivo de polêmica.
Em 2 de novembro de 2007, em função de protestos, a Associação Internacional de Federações de Atletismo (International Association of Athletics Federations - IAAF) Órgão que rege o atletismo internacional, convocou Oscar até Colônia, Alemanha, para avaliar se suas próteses representavam ajuda tecnológica ao seu desempenho nas pistas.
O desempenho de Oscar foi comparado ao de outros seis corredores não-amputados, com o uso de 12 câmeras infravermelhas e quatro câmeras de vídeo de alta velocidade, analisando os pontos de apoio,as forças de reação recebidas do solo, o armazenamento e recuperação da energia elástica, as alterações de extensão e freqüência das passadas, o consumo de oxigênio e a produção de ácido láctico.
As conclusões da equipe médica que fez a análise foram de que Pistorius, com ajuda dessas próteses, “dispunha de assistência mecânica e fisiológica que lhe conferiam no mínimo 25% de vantagem em relação aos seus concorrentes”!
Em consequência, o atleta teve a sua participação nos Jogos Olímpicos de Verão de 2008 vetada pelo Comitê Olímpico Internacional.
Oscar recorreu da decisão, e em Maio de 2008, o TAS (Tribunal Arbitral du Sport) autorizou-o a competir nos Jogos Olímpicos de Pequim. Contudo, ele não conseguiu obter índices para a qualificação.
Agora, qualificado com a marca obtida em Lignano Sabbiadoro, ele já recebeu as boas-vindas da organização dos Jogos Olímpicos de Londres-2012.
Breve poderemos avaliar seu desempenho numa competição de ponta, e concluir se ele, além ser mais um grande exemplo de superação humana, é também uma vitória da tecnologia, como o ciborgue do seriado, capaz de superar competidores comuns.

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